segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Fuga de gorilla no Zoológico de Londres: Em busca da liberdade


Kumbuka (Dailymail)


Por Jaqueline B. Ramos*

No final de 2007, estava na Inglaterra e fiz questão de ir ao zoológico de Londres, conhecer o recém-inaugurado e badalado Gorilla Kingdom. Pela natureza do meu trabalho, fui com o senso crítico apurado, já esperando o que ia encontrar em uma situação de grandes primatas forçadamente expostos ao público em zoológicos: animais acuados e tristes, de costas para o público, nitidamente deprimidos, que nem de longe demonstram seu comportamento natural; pessoas mal-educadas, batendo nos vidros, rindo e falando alto, como se os gorilas fossem meros objetos exóticos expostos para seu entretenimemto e para matar sua curiosidade. Logicamente o esperado se confirmou.

Por mais estrutura e planejamento que tivesse, não foi muito difícil concluir que o Gorilla Kingdom era bom para todos, menos para os gorilas. A fuga de Kumbuka, um gorila macho de 18 anos, no dia 13 de outubro comprova isso. Provavelmente no limite do seu estresse, Kumbuka, inteligente que é, aproveitou a oportunidade de uma porta aberta e fugiu de seu recinto, sedento por liberdade. Felizmente não chegou até a área aberta ao público, e ninguém e nem ele se machucaram. Após 90 minutos, ele foi anestesiado com tranquilizantes e tudo foi contornado. Mas sabemos que poderia ter sido pior. E que nada mudou para Kumbuka, que voltou para sua prisão em forma de recinto de zoológico.

A imprensa mundial divulgou várias matérias sobre o assunto, entre elas críticas de especialistas que já vinham alertando sobre uma possibilidade de fuga (seguem links para algumas abaixo), muito por conta do estado emocional estressado dos gorilas submetidos a esta situação. Com esta ocorrência, só nos resta reforçar a problemática de manter grandes primatas e outros animais selvagens em cativeiro com finalidade de exibição e entretenimento para o público. Precisamos repensar isso urgentemente. Simples assim. Lugar de animal selvagem é na natureza, e não em zoológicos. Caso esteja condenado a viver em cativeiro, que seja em um local no qual seu bem-estar seja a prioridade, e não a bilheteria ou o show para a imprensa.





Instalações do Gorilla Kingdom (novembro 2007) – fotos de Jaqueline B. Ramos

* Jornalista ambiental / Gerente de Comunicação do Projeto GAP Internacional

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