domingo, 2 de dezembro de 2018

Ênfase em prevenção

Entrevista com a Dra. Elisabete Weiderpass, médica e diretora-geral eleita da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, sigla em inglês), para a revista Rede Câncer, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), edição 42, Novembro 2018.

por Jaqueline B. Ramos

A partir de janeiro de 2019, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS) e um dos principais institutos de investigação em câncer no mundo, será comandada por uma brasileira. A epidemiologista gaúcha Elisabete Weiderpass assumirá o cargo de diretora-geral da Iarc, sendo a primeira mulher eleita para o posto nos 53 anos de história da instituição.

Graduada em Medicina na Universidade Federal de Pelotas, em 1992, Elisabete Weiderpass tornou-se mestre em Epidemiologia pela mesma instituição dois anos mais tarde. É PhD em Epidemiologia do Câncer pelo Instituto Karolinska, na Suécia, onde é professora do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística. Atua nos países nórdicos também como pesquisadora no Registro de Câncer de Oslo, como professora de Epidemiologia Médica na Universidade da Noruega e no Samfundet Folkhälsan, organização não governamental finlandesa que promove estudos científicos e campanhas de disseminação de informações sobre saúde e qualidade de vida. Desde 2015, é membro do Comitê Científico da Iarc, onde já havia trabalhado nos anos 1990 e 2000.


Com a brasileira na liderança da Iarc, a expectativa é que a agência se volte ainda mais para a América Latina e para os países que necessitam de maior suporte para prevenir e conter casos de câncer. Elisabete já está há muitos anos fora do Brasil, mas afirma que acompanha o dia a dia do País nos temas relacionados à saúde e, em particular aos avanços nas áreas de prevenção e controle do câncer. “O Brasil é minha origem indissociável, onde vivi boa parte da minha vida e construí os valores que compõem parte im-portante da minha identidade. Por isso, me sinto muito próxima aos desafios que o País enfrenta”, ressalta, com orgulho. 

“A América Latina terá que enfrentar cada vez mais a situação de lidar comum número crescente de casos de câncer. Além de eventuais particularidades em cada região, os grandes desafios são a sensibilização quanto às políticas de prevenção e a necessidade de adequar a infraestrutura à capacidade de atendimento”
Elisabete Weiderpass