Chimpanzé Emilio (divulgação Projeto GAP)
Por Jaqueline B. Ramos
Ao lado dos chimpanzés,
bonobos, gorilas e orangotangos, fazemos parte do grupo de animais denominados
como grandes primatas. Guardamos com estas outras quatro espécies inúmeras
semelhanças, genéticas e comportamentais. No entanto, temos um diferencial: a
chamada racionalidade. Quando é usada para o mal, ela causa impactos
extremamente negativos para nossos parentes evolutivos. Voltada para o bem, nos
faz compreender as responsabilidades inerentes à posição especial que o ser
humano ocupa no meio natural, ao lado de todos os outros seres vivos que
merecem, no mínimo, respeito.
Na década de 1990, um
grupo de renomados cientistas, entre eles o filósofo australiano Peter Singer –
autor do livro “Libertação Animal”, lançado em 1975, que se tornou a Bíblia do
movimento de defesa dos direitos dos animais no mundo – lançou o movimento
Great Ape Project (GAP Project). Bem resumidamente, a ideia era sensibilizar as
pessoas sobre a importância de um novo olhar para a relação Homens X Animais
ressaltando nossas semelhanças com chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos.
Com o passar dos anos
esta lista de semelhanças só foi crescendo e, junto com vários outros trabalhos,
auxiliou na compreensão de que a prática de maus-tratos a todos os animais é
uma atitude intolerável e desumana. Animais em circos já é praticamente coisa
do passado; zoológicos e parques aquáticos e seus supostos trabalhos de
conservação vêm sendo duramente questionados; a decisão de ter um gato ou
cachorro passa por critérios de posse responsável; o fato de animais silvestres
não serem pets já não é visto com tanto espanto; e assuntos polêmicos como o
uso de animais em experiências, na indústria da moda e entretenimento e até
como alimento estão cada vez mais na pauta do dia.
Através da Declaração
Mundial de Direitos dos Grandes Primatas, o GAP defende o Direito à vida, à
liberdade e à não-tortura – que pode (e deve) ser aplicada de forma mais genérica
no mundo animal. Hoje o projeto tem sede no Brasil, que se destaca
internacionalmente pelo trabalho de resgate e cuidado de chimpanzés, leões,
tigres, ursos, pequenos primatas e aves vivendo em cativeiro em quatro
santuários afiliados.
O dia a dia nos
santuários reforça a percepção que temos do grau de humanidade dos chimpanzés e
demonstra o quanto a privação dos direitos propostos na declaração pode gerar
sofrimento e sequelas, às vezes irreversíveis, em nossos parentes mais próximos
no mundo animal. Se é possível dar voz a estes direitos, por que não fazê-lo?
Afinal de contas, como os parentes mais "espertos" deles, isso é o
mínimo que nos cabe.
Mais informações Projeto GAP:
www.projetogap.org.br // facebook.com/gapproject